


No estado de dormência
Estado de merda, de costas quentes que tapa o ó do buraco do angú!
Estado de cria, da criada malvada,que diz que sabia da hora marcada!
Estado de sítio, sindicatos corruptos, que leem a bula da ideologia barata da barata do asfalto!
Estado que dá?
Estado que tira.
Esquentando a cabeça da Deusa andarilha...
na vassoura chiclete de sua doce braguilha.
Estado é um Estado forte e consciente, se esse for o estado de sua gente.
Mude seu estado, dormente!
Crie seu Estado diferente!
(Retirado da trilogia: Delírios astrais, emocionais e espirituais)
E agora, mané?/Bobiças
E agora?
E agora mané!
A linha acabou
A caneta falhou...
Preguiça chegou
Fazer o quê?
Com o quê?
Se não há de quê!!!
Eis a razão... pare.
Larga de ser bôbo sô!!!
Lá fora os pássaros cantam
As pedras brilham
O sol esquenta a muringa
E tudo se transforma
Lá e cá
Lá lá láiá
Lá... aqui e acolá
É só brilhar
É só brilhar
É só brilhar
Lá...aqui e acolá
É só brilhar... é só brilhar...
Que bobiça parar!!!
(Retirado da trilogia: Delírios da astrais, emocionais e espirituais)
Pessoas como você
Hei! logo cedo, redes sociais ...
No discurso do sem discurso.
Espero, que aquele que lá chegar.
Lembre: que o arroz alguém plantou.
Alguém limpou...
Alguém lavou!
São pessoas como você...
como você...
Trabalhador!
Lembre-se: aqui se sabe que um daí
Vale cem de cá. (É justo?)
São pessoas como você...
como vocês...
Lembre-se: a casa não é só de mil.
É de milhões em milhões de milhões.
São pessoas como você, como você!
Que juntos te fez aí!
(Retirado da Trilogia: Delírios astrais, emocionais e espirituais)
Eu pinto e bordo
Eu pinto e bordo
Imagino
Sua língua lambida
Salgada com limão
Eu pinto e bordo
Primitivismo
No amarelo manga
De sua faca ferrugem
Eu pinto e bordo
Impressionismo
o retalho de crepe
Que te cobre de mim
Eu pinto e bordo
Expressionismo
Em seu corpo tosco
molhado assim
Eu pinto e bordo
Surrealismo
Sua máscara quente
Da forma de marfim
Eu pinto e bordo
Abstrato
Na sua mente que informa só
Concreto sem fim
Eu pinto e bordo
Modernismo
Sua cara de sapo
Sua barriga de pedra
Seu dedo apontado pra mim
Eu pinto e bordo
Modernismo
Sua cara de sapo
Sua barriga de pedra
Seu dedo apontado pra mim
(Retirado da trilogia: Delírios astrais, emocionais e espirituais)
Língua de Trapo
Encostas na rede amarrada com linha amarela, no concreto!
Debruças na pia de mármore, sombria.
Amacias a face rosada, a boca marcada do batom, que luzia!
Embebes o vinho rosado da garrafa de vidro forrada,
Com couro envelhecido.
Deitas na cama, da morta madeira, da árvore sucupira!
Guardas suas roupas de algodão, no velho guarda-roupa,
De mogno vermelho.
Ainda assim, falas em planeta curado, sarado...
Pelas suas mãos vazias!?
Língua de trapo!
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma)
Domingar
Gosto do gosto dourado,
que varre meus lábios… meu seios… meu cheiros!
Gosto do gosto dos lábios ardentes,
que tremem na cama… na lama… na chama!
Gosto do gosto da língua,
que lima meu corpo: doce néctar ao amanhecer!
Gosto do gosto das feras ardentes,
teus beijos… dementes!
Gosto do gosto de estar assim,
perto… bem perto… sentido-te.. amando-te.
Velando-te!
Gosto do gosto da velha cama velha,
do cheiro no leito
do quarto regato: franzino!
Gosto do gosto de ti,
de ir… de vir..
gosto de mim, na hora do gozo:
gemido sem fim!
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma.)
Marias
Durmo sou neve…
derreto… solidão...
acordo sou pluma…
voo… libertação…
ando… me perco…
me acho… enlaço…
beijo… enlouqueço…
cruz credo… euforia…
amo… esqueço…
mais um dia!
Abraço…
Eu sou Maria.
Maria Rosa… Maria Bonita…
Maria Quitéria… Maria Antônia…
Marias somente… Marias de frente…
Marias… incandescentes… Marias…
Tremo de pensar…
Tarsila… Pagu… Anita…
Eu Sou Maria…
Letra vencedora do concurso "Canta Brasil".
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma.)
Na lucidez
Escuta filho meu:
todo dia é dia novo…
todo amor é noivo…
todo cravo dorme!
Escuta amigo meu:
no caderno escreve…
na cadeira senta...
na penúria sofre?
Escuta irmão meu:
quando a casa cai,
poeira levanta…
no amor floresce.
Escuta corpo meu:
coração sentir…
mente lapidar…
alma consentir…
Cativeiro do fazendeiro.
Quantos dias? Socorro se ouviu:
Chilenos! Será que é?
A quadrilha perfeita.
O bom policial:
aquele que trabalha pelo bem social?
Prenderam bandidos!
Será?
Será que prenderam bandidos banidos?
Sei lá!
Trama continua… é a vida.
Chega de bode expiatório!
Verdades!
Mentiras!
Tramóias.
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma.)
Crendices
Lobisomem resolveu virar mula sem cabeça!
Mula sem cabeça resolveu virar saci-pererê!
Saci-pererê virou pé de meia.
O pé de meia virou Jesus Cristo!
Taí a confusão.
Aruá gavião vem te pegá!
Arriba é que se inclina!
Prove um pouco de nugá!
Peça indulto a nune, grite mesmo grogue o dia luz.
Prestigie, pressinta o cometa, a comédia...
É a vida!
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma)
Mundão véio sem porteira
Êta mundão velho
Êta mundão velho
Êta mundão velho sem porteira
O Chico saiu com a Chica pra comer canjica
Fazer fita e ciúme na Rita
Lá na venda do seu João
Tem pé de limão, pé de aroeira e mulher bunita
faceira...
E a roda, roda...
e o mundo gira
e o vento sopra
os cabelos da fia
que fia de cá que fia de lá
Êta mundão velho sem porteira
Faça sol ou faça chuva
Casamento da viúva
Terra arco íris,
Trovão ronco que berra
a a a a a a
Nesse mundo sem fronteira
Sem eira e nem beira
Se leva nada a sério a vida inteira
E a roda, roda...
(E o mundo gira...)
(E o vento sopra...)
os cabelos da fia
que fia (de cá) que fia de lá
Êta mundão velho sem porteira
Lá pras bandas da Estiva
Na fazenda reluziu
Tia Aele irmão de Ingirquinha
Mulher do Ziu
Ziu ziu ziu ziu
Desde a hora do almoço rastapé a tarde inteira
Viola, folia, sanfona, prosa, comida mineira
Seu Geraldo de Inhapim
Já cansado de cortar mato e capim
De baixo do sol, de baixo do sol
Foi morar na Capital
Dona Hilda conheceu
Pôs na boleia do caminhão
E quis viajar
E a roda, roda...
(E o mundo gira...)
(E o vento sopra...)
os cabelos da fia
que fia (de cá) que fia de lá
Êta mundão velho sem porteira
De baixo do sol, de baixo do sol, de baixo do sol
Êta mundão velho sem porteira
De baixo da chuva, de baixo da chuva, de baixo da chuva
Êta mundão velho sem porteira
De baixo da blusa, de baixo da blusa, de baixo da blusa
Êta mundão velho sem porteira
De baixo da saia, de baixo da saia, de baixo da saia
(Retirado da trilogia: Delírios astrais, emocionais e espirituais)
Delírios - Terra sem males
No delírio do Eu Sou
eu pinto a Terra sem males
No delírio das asas a cortar o vento
infinita alquimia
Elemental e suas cores
Ser apenas ser ...
Flores
pequenos delírios divinos que um dia
semente vertente
...voarão
(Retirado da trilogia: Delírios astrais, emocionais e espirituais)
Rock da roça
A cada passo um compasso
Em cada encalço um laço
Da sombra que emana da luz do sol
Encontro o passado
Carro de boi cantou
Na viola o som dourado do rock da roça
É o roqueiro a roquear o rock da roça
Uai sô, eu sou caipira mineiro
A roquear o rock da roça
Que trem bão é esse tar de rock'n roll
Uai sô, eu sou caipira mineiro
A roquear o rock da roça
Que trem bão é esse tar de rock'n roll
(Retirado da trilogia: Delírios astrais, emocionais e espirituais)
Ensaio da cegueira
Nem choro, nem vela!
É só uma panela que bate na cara dela!
(Panela de ferro?) Panela de barro?
Panela que nada!!! (nada...)
Qual o próximo angú?
Crime político!
Crime pessoal!
Crime social!
Oh! (Não é crime!)
Direita pá pá-nela
Esquerda vela...
a volta dela.
O povo chora a volta dela.
A vela queimou a panela.
(O choro apagou a vela.)
Nem choro, nem vela, (nem panela!)
Pois é, quem mandou bater panela, mano?
(Retirado da trilogia: Delírios astrais, emocionais, espirituais)
Além do alémar
Além do alémar...
Alem da escuridão: trevas.
Além da vida: morte...
Além do corpo: mente e alma...
Além de tudo! Nada ficou!
Do amor, além ar...
Alémar...
Além de mim sou eu
O que Eu Sou!
Eu Sou o que Eu Sou!
Eu Sou o que Eu Sou!
Eu Sou o que Eu Sou!
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma)
Perdas e ganhos
Me achei no encalço do sapato
Na meiguice do retrato
No olhar do retirante
No desenho da bela, meretriz!
Me achei na forma da forma sem forma e me perdi
Me achei na forma da forma sem forma e me perdi
Nove perdas, nove ganhos
Nove vitórias
Nesse novelo de perdas e ganhos
Fico com as novelas, Vitórias!
Meu coração já não pára
Meu coração já dispara
(Reirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma)
Oração
Anoiteço na marginal
à margem do papel
Crio na magia do mago fogo
Da maga terra
Magia do ar da maga água
Bebo… entorpeço… oro…
Vivo… danço… canto… durmo
Sonho… amanheço…
Portal se abre!
O que estava fora… agora… está dentro!
Ego… alma… fantasmas!!!
Cruzo a fronteira do sagrado…
Amém… Hosana…
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma.)
Senhor do Bonfim
De repente mostra o papel
Pensão na hora H
Tesão na hora dá
Gracinha pode ajudar...
Tira lá, pôe cá...
Tudo se repete documentos.... papéis...
Angú com quiabo
Lula lá
Frango na panela
Chapéu na mesa de jantar
Meu bem, quero amar !
Ouça... ouça o papo do vovô
Ouça...ouça o papo do vovô
Hora agora seria
de pegar o avião a jato
Zarpar direto pra Bahia
Pra mó de Bonfim ajudá
(Retirado da trilogia: Delírios astrais, emocionais e espirituais)
Milagres
Se a vida não lhe dá alternativas
A hora é de parar
Se a vida não lhe dá alternativas
A hora é de parar
Senta no colo
Senta na grama
Senta no solo
Sinta a brisa
Sinta os raios de sol
(sol sol sol sol)
Sinta o luar
Tudo isso é mãe, é pai, é poesia
Espere
Que o milagre virá
O milagre infinito do recomeço
Recomeço infinito do milagre
Espere,
O milagre infinito do recomeço
Recomeço infinito do milagre
O milagre virá,
O milagre virá...
(Retirado da Trilogia: Delírios astrais, emocionais e espirituais.)
Essência
Peça-me a mão, o pé, a sapatilha, a trilha.
Peça-me perdão, a cor, a paz, o amor.
Peça-me o leite, a mama, a figa, o coração na lira.
Peça-me que esqueça, que não sinta, que finja, que minta.
Peça-me o que quiseres!
Eu peço apenas, que não peça:
o fim da mulher que eu sou.
Senão será em vão.
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma)
Multidão
Gente grotesca, gente travessa
Gente degola a goela dela
Gente língua de trapo
Trapaceiros dos ventos do Norte
Gente vampiro, vampirando o mundo
Sombrio de sua morte
Gente que vê, olha e senta esperando o corte
Gente de fama, gente de dente
Gente de pé, gente somente
Gente que é gente, que geme,
que mente, que tortura e sente
O dia, a noite e não mais se sente
O dia, a noite e não mais se sente
Gente engolindo sapo, sapato, saliva
Gente esperando um banquete,
virando joguete, dando piquete
Do arco da velha, do saco vazio, do lixo de gente
Que teme, que cura, que fere, que mata
Maltrata, degola, inflama
O coração já doente de gente que é gente
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma.)
Salve outra alma
Nem rosa... nem Roses...
Nem meu, nem seu...
Só Bartolomeu...
Nem lá, nem cá...
Fico a contemplar... pra lá e Bagdá
Libertas que serás libertado...
Comungues que serás exilado...
Seja sempre você mesmo
mas não seja sempre o mesmo!
Jeito único, diz o Diabo:
´Para sair do inferno, salve outra alma
Nem rosa... Nem Roses...
Salve outra alma... saia do inferno
Seja sempre você mesmo
mas não seja sempre o mesmo
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma.)
No Florir
Janela que vela,
mentira revela:
sombra do rosto, na toalha verde-amarela.
Sapo que ronca.
Cão que mia.
Gato que late.
Mulher que desfia…
Semente que corre
transgride… vaza:
no topo da oca ôca,
o jorro da serpente.
Janela que vela,
mentira que revela:
sombra do rosto, na toalha verde-amarela.
(Sapo que ronca.)
Cão que mia.
(Gato que late.)
Mulher que desfia…
Semente que corre
transgride… vaza:
no topo da oca ôca,
(o jorro da serpente).
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma.)
Vida de outrora
Vida de outrora passou
Quero vida de agora
Vida de outrora passou
Quero vida de agora
Segui os teus passos, teus pés
Não toca o chão
Segui tuas palavras, tua língua
É tudo em vão
Segui tua sombra, teu corpo
Transpira escuridão
Segui tua obra, tuas mãos
Tem comoção
Segui o teu amor, teu coração
Cheio de tentação
Vida de outrora passou
Quero vida de agora
(Retirado da trilogia: Delírios da mente, corpo e alma.)
Só as vezes
Às vezes me dá uma vontade louca de partir
Mudar de planeta..
Às vezes me dá uma vontade louca de desistir
Mudar de corpo...
Às vezes me dá uma vontade louca de chorar
Mudar de olhos...
Às vezes me dá uma vontade louca de voar
Mudar de ares...
Às vezes me dá uma vontade louca de ser feliz
Mudar de energia...
Às vezes me dá uma vontade louca de girar
Parar num ponto sudoeste do nordeste
Sumir, voar, partir
Só às vezes!
(Retirado da Trilogia: Delírio astrais, emocionais e espirituais)



























